quinta-feira, 28 de maio de 2015

A pesquisa do MAPA sobre resíduos de agrotóxicos e contaminantes

Cartum de Silvano Mello


Nessa terça-feira (12), foram publicados no Diário Oficial da União (DOU), os resultados do Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes na safra 2013/2014. Trata-se do resultado de pesquisa de resíduos de agrotóxicos e contaminantes para vários alimentos produzidos.

Para a pesquisa de resíduos de agrotóxicos foram considerados os seguintes produtos: abacaxi, alho, amendoim, arroz, banana batata, café, cebola, feijão, kiwi, maçã, mamão, manga, milho, soja, tomate, trigo e uva. Já para contaminantes foram pesquisados: amendoim, castanha do Pará, amêndoa de cacau, feijão, arroz, milho, pimenta do reino e trigo.

Entre as impropriedades, vê-se que a pesquisa de agrotóxicos no abacaxi ocorreu com 10 amostras, sendo que nenhuma delas no Pará, o estado maior produtor do produto no Brasil. Roraima que é um dos menores produtores foi incluído o que é legítimo e necessário, mas incapaz de revelar o grau de contaminação do produto em escala nacional. A pesquisa com a batata inglesa foi feita com 9 amostras em três estados (GO, PR e RS) ficando de fora MG que produz mais que esses três estados juntos. A pesquisa com o feijão não incluiu MG, um dos maiores produtores, mas incluiu o DF. O Mato Grosso, símbolo da ‘exuberância’ do agronegócio, e do uso abusivo de venenos não foi incluído na pesquisa, para nenhum produto. É relevante destacar que foram deixados fora da pesquisa produtos de consumo, em escala, e reconhecidamente objeto de aplicação intensiva de agrotóxicos como a abobrinha, morango, pepino, pimentão, alface, cenoura e beterraba. Assim, há a possibilidade de os resultados da pesquisa caracterizarem um quadro subestimado da realidade dos níveis de contaminação dos alimentos no Brasil.

Com as ressalvas acima, a conclusão geral da pesquisa aponta que, na maior parte, as amostras colhidas no ano safra 2013/2014 apresentaram índices de conformidade relativamente aos limites fixados pelo MAPA para resíduos de agrotóxicos e contaminantes. Isso não significa ‘livre de agrotóxicos e de contaminantes’, mas sim, que, na maior parte, os níveis constatados não ultrapassavam os limites tolerados pela generosa legislação brasileira.
Voltando à pesquisa, na amostragem reduzida, culturas como abacaxi, arroz, kiwi, maçã, mamão, manga, milho, tomate e uva não conseguiram alcançar o mesmo percentual de conformidade que as demais. A pesquisa detectou graves violações quanto à presença de resíduos de agrotóxicos sintetizadas no anexo IV da Portaria que está nos anexos do artigo original (vejam o link no final do texto).

De um modo geral, destacamos da pesquisa algumas conclusões, como:

1) o uso corrente de agrotóxicos não permitidos em várias culturas (NPC). Além do uso, constata-se a aplicação em dosagens muito além dos limites máximos tolerados (LMT). Como exemplo, observe-se o caso do dimetoato (inseticida organofosforado sistêmico) na cultura do abacaxi, em dosagem até mais de 11 vezes maior que o máximo;

2) supondo que as amostras usadas na pesquisa do abacaxi refletissem a realidade da qualidade do produto no país, tem-se que 1/3 do volume produzido na safra 2013/2014 (496 milhões de frutos) estavam com elevados níveis de contaminação com agrotóxicos de uso proibido;

3) na mesma cultura temos o uso proibido da Cipermetrina, fungicida de amplo espectro, da mesma forma de uso proibido na cultura;

4) na cultura do arroz constata-se em três estados o uso de Acefato+Metamidofós e do Clorpirifos metílico, princípios ativos de aplicações proibidas;

5) o arroz importado do Paraguai apresentou índice de não conformidade de 100%. Ou seja, todos os analitos da amostra analisada apresentaram índices de resíduos de agrotóxicos acima dos permitidos pela legislação;

6) o arroz originário do Tocantins apresentou nível de contaminação de 50%. Significa que os brasileiros consumiram 240 mil toneladas de arroz envenenado do TO em 2014;

7) da mesma forma o arroz do MA apresentou 20% de não conformidade. Significa que, por coincidência, 240 mil toneladas do produto tinham alto grau de contaminação com agrotóxicos, inclusive, de uso proibido conforme mostra o Quadro anexo;

8) no caso da maçã foram analisadas amostras do produto de cultivos no RS e SC e importadas de vários países (Argentina, Chile, Espanha, França, Itália e Uruguai). As nacionais e as importadas da Argentina e do Chile apresentaram níveis variados de contaminação por agrotóxicos. No caso do Uruguai, todos os analitos das amostras estavam contaminados;

9) quanto ao kiwi, 50% do produto procedente de SC estavam contaminados; idem para 25% da produção do RS. Impressiona, no caso desse produto, a utilização de venenos proibidos, inclusive dos importados do Chile;

10)no cultivo do mamão na BA, ES, CE e RN, é generalizado o uso de agrotóxicos proibidos como o dimetoato (inseticida e acaricida organofosforado de ação sistêmica), ciproconaxol I e I (fungicida), clorpirifós (inseticida organofosforado) e o epoxiconazol (fungicida);

11)20% da produção de tomate de GO e RS, ou 286 mil toneladas do produto, apresentaram altos níveis de contaminação com agrotóxicos, inclusive, com ingredientes proibidos;

12)O milho do PR apresentou nível de contaminação com agrotóxicos acima dos limites máximos permitidos, de 33%. (5.2 milhões de toneladas);

13)a uva de SC e PR apresentaram níveis de elevada contaminação por agrotóxicos, respectivamente de 40% e 50%. A importada do Chile apresentou nível de contaminação de 30%. Todas as amostras pesquisadas constaram o uso de agrotóxico proibido;

14)a pesquisa a pesquisa de contaminantes foi voltada para a investigação de fungos, à exceção da pesquisa de salmonella em pimenta do reino no Espírito Santo e Pará. A propósito, no Pará foi constatado que metade das amostras apresentou índice de contaminação por salmonela, de 50%, ou seja, metade das amostras apresentarem presença dessa bactéria em níveis acima do limite máximo permitido pela legislação. Lembrando que as doenças provocadas por salmonela são tidas como um dos mais graves problemas de saúde pública em todo mundo;

15)no amendoim e castanha do Pará foram feitas investigações de aflatoxinas (fungos que causam graves danos no fígado como necrose, cirrose, carcinoma e edema). Em ambos os produtos foram encontrados níveis de presença desse fungo várias vezes acima dos limites tolerados;

16)na amêndoa de cacau e feijão a pesquisa buscou investigar contaminação por aflatoxinas+octratoxina OTA (a mais tóxica, possuindo efeitos carcinogênicos, nefrotóxicos e imunossupressores). Também foram encontrados alguns casos de contaminação;

17)no arroz, foi feita pesquisa de aflatoxinas/ ocratoxinas/ desoxinivalenol. A ingestão de alimento contaminado com desoxinivalenol pode resultar em vômito, náusea e efeitos imunossupressores. Neste caso o nível de conformidade foi de 100%, ressalvada a pequena amostragem (20).

Desde 2010 o Brasil assumiu a liderança mundial no uso de agrotóxicos. Naquele ano o Brasil participou com 19% do mercado mundial, seguido dos EUA com 17%. A redução do consumo de agrotóxicos com a introdução dos transgênicos foi usado à exaustão para justificar a legalização desses produtos no Brasil. Contudo, desde então, tem sido exponencial o crescimento da utilização de venenos na agricultura brasileira. De acordo com as estatísticas do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal – Sindiveg, de 2003 a 2012 as vendas de agrotóxicos cresceram, em média (taxa geométrica), 7.7% ao ano, enquanto a produção brasileira de grãos teve crescimento de 3% ao ano. Consistente com essas taxas nota-se que o uso de agrotóxicos em 2012 foi 109.4% maior que em 2003. Já a produção de grãos foi 35% maior.

Clique no link para acessar o texto completo - de Gerson Teixeira, maio de 2015.


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Beneficiamento de frutos do Cerrado com o projeto Pequisação

O Projeto Agregação de valor às espécies vegetais nativas do Cerrado em áreas de reserva legal de produtores familiares do Distrito Federal - ou simplesmente Pequisação, propõe o extrativismo sustentável de espécies do Cerrado (jatobá, cagaita, pequi e araticum) como estratégia de conservação do bioma e de complementação de renda de agricultores familiares, a partir do beneficiamento e comercialização dessas espécies.

O trabalho é coordenado pela professora Janaína Diniz, da Faculdade UnB Planaltina. Em 2012, concorreu com mais de 1.200 projetos de todo o País e foi um dos oito agraciados - o único do Centro-Oeste - com o prêmio Santander Universidade Solidária. É o primeiro prêmio nacional conquistado pela Faculdade de Planaltina, um dos novos campi da UnB.


Criado em 2010, o projeto executado pela UnB chegou a trabalhar, no início, com três comunidades de assentados rurais. Ele foi viabilizado pelo suporte financeiro do CNPq e do Decanato de Extensão da Universidade – onde é um Projeto de Extensão de Ação Contínua (PEAC) - e pela parceria com a Emater-DF, a Embrapa Cerrados, o Instituto Federal de Brasília e a Universidade Católica.

Em 2014, colaboramos em diversas atividades do Pequisação, entre elas, oficinas de despolpa (separação da polpa e das sementes) e processamento de frutos do Cerrado,  no Assentamento Márcia Cordeiro Leite, situado na antiga fazenda Monjolo, a 15 km do campus de Planaltina. Também participaram parceiros da Emater e da cooperativa Central do Cerrado. Veja as fotos!

Referências: UnB Ciência Pequisação




segunda-feira, 4 de maio de 2015

V Congresso Latino Americano de Agroecologia


O "V Congreso Latinoamericano de Agroecología " acontecerá de 7 a 9 de outubro, na Argentina. 

Os objetivos do Congresso são contribuir para a difusão dos avanços na investigação agroecológica na América Latina; promover a discussão e propostas para o melhoramento da soberania alimentar e estratégicas frente as mudanças climáticas na região; fomentar o intercâmbio e integração de conhecimentos entre pesquisadores, técnicos, agricultores e sociedade civil; promover o ensino , pesquisa e inovações agroecológicas na comunidade científica internacional.

Autores podem submeter artigos científicos ou relatos de experiência - apenas trabalhos inéditos e até dois trabalhos por autor/co-autor. Taxas de inscrições reduzidas até 30 de maio (U$40 estudantes e U$170 profissionais). As apresentações serão em forma de oral ou pôsteres.

Abaixo (em espanhol) as áreas temáticas para submissão de trabalhos:


  1. Sistemas de producción de base agroecológica: Diseño y manejo de sistemas de producción. Sistemas intensivos y extensivos. Sistemas agrícolas, de producción
  1. animal, sistemas mixtos, silvopastoriles. Estrategias para el manejo de plagas y enfermedades. Estrategias para el manejo del suelo. Evaluación, diseño y manejo de la agrobiodiversidad. Eficiencia energética de diferentes estrategias de manejo.
  1. Paisajes, Territorios y Agroecología. Conservación y áreas protegidas. Recuperación de áreas degradadas. Ordenamiento territorial. Planificación y desarrollo del territorio. Procesos de transición agroecológica. Bienes comunes y conflictos socio-ambientales/socio-territoriales (rurales, urbanos y periurbanos). Aspectos legales y normativos.
  1. Economía y Agroecología. Economía ecológica. “Otra Economía”: social, popular, solidaria, del trabajo, comunitaria, de la vida. Evaluación del capital natural. Costos ocultos. Comercio Justo y construcción de otros Mercados: locales, solidarios, populares, agroecológicos. “Precio Justo” y sistemas participativos de garantías. Formas de propiedad no privada -colectiva, comunitaria, mixta- en la organización de la producción, distribución, intercambio y consumo de alimentos agroecológicos. El “Buen Vivir” y la necesidad de superar el paradigma capitalista del concepto de “desarrollo”.
  1. Ambiente, Naturaleza y Agroecología: Diagnóstico ambiental. Indicadores: huella hídrica, huella de carbono, huella ecológica. Indicadores de sustentabilidad y biodiversidad. Calidad de agua. Cambios y variaciones climáticas. Conservación y preservación ambiental. Contaminación ambiental. Recursos naturales estratégicos: valoración y disputas. Uso de la energía.
  1. Sistemas de conocimiento: saberes tradicionales y educación en Agroecología. Sistematización del Conocimiento. Enseñanza formal y no formal: desafíos, posibilidades y limitaciones. Investigación agroecológica: desafíos, alcances y limitaciones. Extensión de base agroecológica: desafíos.
  1. Desarrollo Rural, Movimientos Sociales, Estado y Agroecología: ¿Qué políticas públicas para la Agroecología? Acción colectiva y acción política. El rol de los movimientos sociales y el Estado en la construcción instituyente de la Agroecología. Soberanía Alimentaria. Procesos constituyentes y reconocimiento de (nuevos) derechos de la Naturaleza. Reforma Agraria y Agroecología. Género(s) y Agroecología. Políticas para una nueva Investigación y Extensión.
Mais informações e inscrições no site do congresso: 
https://www.socla.co/congreso/

Planejamento territorial na perspectiva agroecológica - rumo a uma extensão rural agroecológica no DF e Entorno





Este painel (clique na imagem acima para ampliar) resulta da facilitação gráfica do fechamento do curso de "Planejamento territorial na perspectiva agroecológica", do NEPEAS. O curso foi construído de forma participativa e realizado com 60 extensionistas da EMATER - DF e mais 10 estudantes da UnB/FUP, com o objetivo de contribuir para a transição agroecológica na extensão rural. 


Foram duas turmas e 6 módulos (alternância: um módulo a cada 15 dias, intercalando cada turma a cada semana) - 1 dia todo por semana, com o encerramento em dezembro de 2014. Entre os temas abordados no curso estavam: agricultura familiar e sua multifuncionalidade; diagnóstico participativo; Cerrado (caracterização, fogo, degradação e potencial produtivo); conservação e uso sustentável do solo e da água; recuperação de áreas degradadas; aspectos socioeconômicos na Agroecologia; autonomia dos agricultores e agricultoras; segurança e soberania alimentar (quintais; aproveitamento dos alimentos); saúde e ambiente; transição agroecológica: perspectivas e técnicas; criação de animais (galinhas, porcos, gado bovino, caprinos, abelhas e peixes) na perspectiva Agroecológica.


Para alinhar teoria à prática, os extensionistas participaram de vivências em diversas propriedades rurais que desenvolviam técnicas agroecológicas no DF e Entorno. No fechamento do curso, os grupos de participantes apresentaram projetos de redesenho de propriedades rurais que conheceram, tendo como objetivo a aplicação dos conhecimentos do curso na transição agroecológica de sistemas produtivos.

No painel está a sistematização do conteúdo exposto no fechamento do curso pelos coordenadores e extensionistas. De uma forma geral, é também um resumo do que foi visto ao longo do curso. Indicamos o uso pedagógico desse material, compartilhem! 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

IV Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno

http://www.cnph.embrapa.br/agroecologiaDF.html
 

A construção da proposta desse Seminário foi iniciada em 2008 motivada pela necessidade de ampliar a articulação e integração no campo da Agroecologia a partir de demonstrações claras de uma crescente influência de práticas agroecológicas no meio rural do Distrito Federal e entorno. Nesse cenário, foi realizado nos dias 11 a 13 de novembro de 2008 o I Seminário de Agroecologia do Distrito Federal com o tema “Agroecologia, conservando a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”. Esse primeiro seminário teve o objetivo de desenvolver ações locais no campo da Agroecologia e possibilitar o conhecimento de experiências externas que nos servissem de referência metodológica e científica bem como, divulgar amplamente a Agroecologia como enfoque científico destinado a promover a transição para estilos de agricultura de base ecológica e contribuir para o desenvolvimento rural sustentável. Leia mais AQUI

quinta-feira, 30 de maio de 2013

I Seminário Nacional de Educação em Agroecologia

O Seminário Nacional de Educação em Agroecologia será realizado em Recife durante os dias 3,4 e 5 de julho de 2013.

Visto em: sneagroecologia.blogspot.com.br/ 


1. Objetivos do Seminário
Objetivo Geral:
- Promover uma reflexão e propor princípios e diretrizes para a Educação em Agroecologia no Brasil.
Objetivos Específicos:
- Debater sobre temas relativos à interface da Agroecologia com outras áreas do conhecimento;
- Identificar experiências de Educação em Agroecologia no Brasil e dar visibilidade a elas procurando formas de articulá-las entre si;
- Promover a troca de experiências sobre Educação em Agroecologia;
- Oferecer subsídios para a atuação do GT de Educação em Agroecologia da ABA.
2. Experiência de Educação em Agroecologia
Neste Seminário consideraremos as experiências de Educação formal em Agroecologia, especialmente aquelas do ensino médio e superior. Compreendemos que uma Educação em Agroecologia pode acontecer em diferentes espaços e ações educativas tais como: nos diferentes cursos e seus projetos político-pedagógicos, nas disciplinas, nas práticas e vivências educativas de campo, na pesquisa, na extensão, na relação educandos-educadores, na relação escola-comunidade, entre outras

 Programação 
No primeiro dia do seminário será realizada uma conferência e duas mesasredondas. São elas:

Conferência | Complexidade e Agroecologia: um diálogo pertinente
Objetivo: Apresentar os desafios para a educação em Agroecolologia na perspectiva da complexidade.

Conferencista: Alfredo Pena – Vega/- Ecole dês Hautes Etudes en Scienses Sociales/France

Mediador: Francisco Roberto Caporal/NAC-UFRPE

Mesa Redonda I | Complexidade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e a Educação em Agroecologia
Objetivo: Aproximar a Agroecologia de outros campos do conhecimento e identificar suas possíveis interfaces.

Palestrantes:
Américo Sommerman – CETRANS/USP
Carlos Rodrigues Brandão - UNICAMP
Dirce Encarnación Tavares – GEPI -PUC/SP

Mediador: João Carlos Costa Gomes – Embrapa Clima Temperado

Mesa Redonda II | Formação e perfil profissional em Agroecologia e as demandas da sociedade brasileira
Objetivo: Abordar a importância da formação em Agroecologia no atual contexto brasileiro e analisar o processo de inserção da Agroecologia nas instituições de ensino com criação de cursos, núcleos, grupos de pesquisa e extensão, disciplinas, etc. bem como discutir os avanços e dificuldades dessas iniciativas à luz de experiências concretas. Também se pretende propiciar um espaço de diálogo com movimentos sociais e ONGs acerca da formação e perfil dos profissionais que estão sendo demandados.

Palestrantes:
Alexandre Henrique Bezerra Pires/Centro Sabiá
Aparecida do Carmo Lima/MST
Valdo José Cavallet/UFPR Litoral

Mediador: Jorge Roberto Tavares de Lima/NAC-UFRPE

O currículo dos palestrantes poderá ser visualizado aqui.

Os Grupos de Trabalho serão formados pelos autores dos textos/relatos selecionados pela comissão técnica e acontecerão no segundo dia. Nos Grupos de Trabalho serão discutidas as experiências de Educação em Agroecologia quando debateremos a fundo os princípios e diretrizes da Educação em Agroecologia.

No terceiro dia acontecerão as Rodas de Diálogo que têm o objetivo de serem espaços de troca de experiências, de aprofundamento de temas específicos da Educação em Agroecologia e de construção participativa. Clique aqui para visualizar as Rodas de Diálogo.

Neste dia também acontecerá a Plenária Final onde serão debatidos os resultados dos Grupos de Trabalho.

O  Espaço Livre acontecerá durante todos os dias do evento e será organizado para a apresentação de pôsters de experiências de Educação em Agroecologia, para visitação livre. Quem tiver interesse em um pôster neste Espaço deverá informar a comissão organizadora através da ficha de inscrição.

Para mais informações baixe a 5ª Convocatória na íntegra, AQUI, ou visite o site do Seminário em: http://sneagroecologia.blogspot.com.br/

segunda-feira, 25 de março de 2013

Agroecologia em debate no seminário da II Mostra Nacional da Produção das Margaridas



Brasília (DF) – A agroecologia sob o ponto de vista da participação das mulheres na sustentabilidade e organização produtiva da agricultura familiar foi tema na manhã de hoje (22), no Seminário Nacional da Mostra das Margaridas, em Brasília. Lideranças de movimentos relataram a importância desse modelo de desenvolvimento hoje. O dia internacional da água também foi lembrado. Ocorreu um minuto de silêncio, no momento em que foi anunciado o assassinato de uma camponesa sindicalista baleada com sua filha no Mato Grosso do Sul nesta manhã.
A II Mostra da Nacional da Marcha das Margarida é mais um momento de coragem e renovação, que serve também para dizer o quanto e como as mulheres estão trabalhando a agroecologia, avalia Carmen Foro, secretária de mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Ele lembrou que desde o ano 2000 a Marcha das Margaridas traz com muita força a pauta da agroecologia, questionando o atual modelo de desenvolvimento.
“A marcha tem questionado o atual modelo, com uso excessivo de agrotóxico, contaminação dos alimentos, envenenamento dos rios, concentração de terras. Defendemos um modelo de defesa dos bens comuns da humanidade, terra, água, sempre tentando valorizar o papel que as mulheres têm na agricultura familiar. A agroecologia é nossa estratégia de desenvolvimento”, afirmou.
A Contag, segundo ela, tem participado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) na construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que foi decretada pela presidenta Dilma Rousseff no dia 20 de agosto de 2012 e está em processo de formulação de seu plano. Isso tem refletido, na sua opinião, no reconhecimento por parte do governo ao modelo agroecológico promovido e reivindicado pelas lutas populares das mulheres camponesas. “O centro dessa conversa é o combate ao uso de agrotóxicos. E a assistência técnica pública voltada para o projeto dos agricultores familiares. É preciso também discutir o uso da terra e da água articulados. O enfrentamento é pesado com uma disputa muito desleal, pois eles têm utilizado a mídia a seu favor, descontruindo um processo que levamos muito tempo para concretizar”, criticou.
A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) reúne há dez anos movimentos e organizações que têm a agroecologia como sua pauta de luta, explicou Beth Cardoso, do setor de mulheres da ANA. É um termo, complementou, que veio dar nome à agricultura que as camponesas sempre fizeram tradicionalmente.
“O que veio atravessando no meio do caminho da agricultura foi o agronegócio. A revolução verde é o contrário da ecologia, chega na década de 70 ao Brasil dizendo que é impossível plantar sem usar agrotóxicos, trator, etc. Somos o país que mais consome venenos no mundo, uma média de 5 litros por pessoa ao ano com um impacto brutal na saúde. As mulheres na maioria das vezes se recusam a isso, são as guardiães da biodiversidade”, observou Beth .
A militante defende a modernidade da agroecologia, explicando que um dos seus princípios é a diversidade. Ela exemplifica nos quintais cuidados pelas camponesas, nos quais há uma infinidade de verduras, frutas, e animais para a alimentação e renovação dos nutrientes da terra. “Não compram adubo e veneno para sua plantação. Aprenderam a tirar aquela planta no mato e transformar em cultivo, resgatam o conhecimento tradicional, como nas plantas medicinais, passado de geração em geração. Uma contribuição importantíssima para agricultura, que muitas vezes não é valorizada. Existe interesse que o controle fique na mão das grandes empresas do mercado. Aquela pulverização mata os agricultores, e depois quem limpa aquele veneno da roupa no tanque é a mulher: é preciso brigar por isso”, alertou.
Nos trabalhos realizados pela ANA, concluiu a integrante do movimento, são sistematizadas experiências de mulheres que apontam para a importante contribuição das camponesas na transição agroecológica. São elas, disse Beth, que mais se preocupam com os alimentos e quando seus trabalhos começam a gerar renda são multiplicados e convertem os camponeses nas regiões.
As camponesas da Paraíba contam com o apoio do Polo da Borborema, que articula os camponeses, as assistências técnicas e movimentos em vários municípios do estado. Maria do Céu de Santana, da comissão de mulheres do Polo, afirma que desde 1993 a agricultura familiar tem se organizado na região. A valorização do conhecimento local das mulheres e a agroecologia são os princípios que norteiam a trajetória do movimento, complementou.
“Realizamos visitas de intercâmbio, e valorizamos o papel das organizações como motor do desenvolvimento sustentável. A agroecologia é a base da construção desse processo de autonomia e justiça. Muitas mulheres a partir desse conhecimento têm crescido e construído caminhos de superação e mudança na relação de poder com os homens. Temos feito estudos que servem como monitoramento da renda. Temos afirmado, ainda, a capacidade e criatividade dessas mulheres, com fundos rotativos solidários dos pequenos animais, fogões ecológicos, guardiães das sementes gerindo bancos comunitários da região, feiras agroecológicas, e acessos ao PAA e PNAE”, destacou.

Fonte: www.agroecologia.org.br